Claudio Fernandes, da Tribuna da Imprensa
Messi colocou a mão na parte posterior da coxa esquerda no início do primeiro tempo. Por um momento, o barulho ensurdecedor que fazia o torcedor argentino arrefeceu. O craque alongou e seguiu no jogo. Neste momento, os deuses do futebol selaram o destino do Argentina x Croácia desta terça-feira, válido pelas semifinais da Copa do Mundo. O gênio argentino fez um gol, deu uma assistência após uma jogada antológica e foi fundamental na vitória albiceleste por 3 a 0, que a qualificou para a sexta final de Copa de sua história.
Ao entrar em campo no domingo, contra França ou Marrocos, Messi se tornará o jogador que mais atuou em Copas do Mundo, com 26 aparições. Ainda nesta terça, o craque superou Batistuta e agora figura sozinho como o maior artilheiro argentino em Mundiais: 11 gols. Cabe agora aos mesmos deuses decidirem se o menino nascido em Rosário, que se tornou homem em Barcelona, semi-deus no estádio Camp Nou e por onde mais desfilou sua arte, se tornará campeão do mundo e poderá fazê-los companhia no Olimpo do esporte mais popular do planeta.
PRIMEIRO TEMPO
Durou longos 30 minutos o período de estudos da primeira etapa. A Croácia repetiu a estratégia do jogo que eliminou o Brasil, amarrando as opções ofensivas argentinas. Os argentinos, por sua vez, não quiseram se expor a contra-ataques e nada digno de nota aconteceu na primeira meia hora de jogo.
Um minuto depois, porém, a história mudou de forma radical. Julian Alvarez recebeu lançamento de Enzo Fernandes e, na entrada da área, foi derrubado por Livakovic. Messi cobrou com uma bomba no ângulo direito aos 33 e abriu o placar. O gol causou reação imediata dos croatas. Mas não eficiente.
Ao avançar suas linhas, deram espaço e permitiram que, aos 38, Julian Alvarez arrancasse do próprio campo em linha reta com a bola, passasse aos trancos e barrancos por três adversários, pelo goleiro e ampliasse o placar para os Albicelestes.
SEGUNDO TEMPO
A Croácia voltou com alterações para a segunda etapa e tentou como pôde reduzir a diferença no placar para buscar ao menos o empate. Assim como na primeira etapa, porém, cercou a área argentina de maneira infrutífera e deu pouco ou quase nenhum trabalho ao goleiro Emiliano Martinez. Sendo assim, o jogo parecia caminhar para uma vitória dos argentinos pelo placar construído no primeiro tempo.
Aí Messi pegou a bola na ponta direita aos 24 minutos. A mesma ponta direita em que, ainda na primeira década do século, começou a mostrar sua magia com a camisa do Barcelona. Aos 35 anos, arrancou como um garoto e Gvardiol o perseguiu até a linha de fundo. Lá, Messi parou. Descansou e quando parecia que passaria a bola, deu um giro espetacular, deixou o valente Gvardiol para trás e cruzou para Julian Alvarez fazer 3 a 0.
Após o terceiro gol, o jogo se conduziu como mera formalidade. O árbitro deu cinco minutos de acréscimo e, ao fim deles, os jogadores argentinos se uniram à festa da torcida que, durante toda a partida, fez com que o time se sentisse na Bombonera ou no Monumental de Nuñez.
No meio da festa estava Messi. Dançando, cantando e pulando. Como se fosse mortal.
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