Agência Reuters e Tribuna da Imprensa
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu na sessão conjunta de Câmara dos Deputados e Senado nesta quarta-feira o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Após ler o requerimento, Pacheco pediu que os partidos e os blocos partidários indiquem os membros que vão compor a CPMI, que deverá se tornar palco de intensos e frequentes embates entre a base aliada e a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A presidência solicita aos senhores e às senhoras líderes que indiquem os nomes dos membros dos partidos e blocos para integrarem a referida comissão, de acordo com a proporcionalidade que será enviada, após publicação, às lideranças das Casas legislativas”, disse Pacheco no início da sessão do Congresso.
Pouco depois da fala de Pacheco, em uma demonstração do que deve ser o clima acirrado na comissão, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), apresentou questão de ordem para que seja levada em conta os blocos partidários formados na segunda quinzena de fevereiro, para que seu bloco tenha três senadores na CPMI e não apenas dois, que seria resultado de uma mudança recente nesses blocos. Pacheco respondeu que analisará o assunto.
Na semana passada, a Reuters teve acesso a uma prévia da composição apontando que o governo tinha boas chances de emplacar um bom número de aliados dentro da CPMI. Pelas regras do Congresso, cada Casa, indicaria 16 parlamentares. O governo também trabalha para ocupar os postos-chave da CPMI e controlar a condução das investigações.
Inicialmente o Planalto foi contra a instalação de uma CPI para investigar os atos de 8 de janeiro. No entanto, essa posição mudou após a divulgação de vídeo do dia das manifestações, que mostrou o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, andando no Planalto em meio ao ocorrido.
O episódio levou à queda de GDias, como é conhecido. Ao mesmo tempo, ajudou a reforçar a narrativa de que o Planalto teria facilitado a entrada dos manifestantes.
Recentemente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o Planalto está pronto para o embate político, acompanhará de perto os trabalhos da comissão e escalará um time de parlamentares com experiência em CPIs para, em suas palavras, destruir a “narrativa terraplanista” de que vítimas dos ataques são responsáveis pelos atos.
A oposição garante ter provas irrefutáveis de que a entrada de manifestantes não só foi facilitada como também incentivada pelo governo. Há inclusive a hipótese de que infiltrados governistas tenham participado da depredação das sedes dos três poderes, com o objetivo de culpar oposicionistas e justificar a repressão às menifestações por todo o país após o TSE declarar Lula vencedor das eleições presidenciais.
Desde 8 de janeiro milhares de pessoas foram presas, muitas delas sem qualquer prova de que sequer tenham invadido as sedes dos três poderes, quanto mais participado de qualquer ato violento. Muitas delas, inclusive, foram transformadas em réus pelo Ministro do STF Alexandre de Moraes, sem sequer terem qualquer direito de defesa.
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